18 de outubro de 2011

Feno.

Tinha ido sozinho, escondido de qualquer um. Solitário, bebia um uísque, o mais barato, recostado no balcão do pub. Misto de insegurança, vontade de sumir e raiva subiam-lhe do estômago que queimava e arranhavam o pescoço ardidamente. Deu um gole seco na bebida, odiava uísque. Olhou ao redor e uma vontade de rir de desespero foi interrompida pela lágrima que parecia embaçar o ambiente hostil. Alguma música antiga trazia a ideia de passado, mas ele o sentia recente. Ele havia escolhido, não poderia reclamar de nada, se tinha alguém culpado aqui era ele mesmo. Odiava se culpar e se odiava por culpar-se. Alguém passou à sua frente, sorriu com ares de amor. Apertou o copo com muita força, queria mesmo era estourá-lo, mas sua mão era tão fraca quanto sua alegria. Outro alguém passou, encarou-o, mas com ares de quem quer ser comido, estraçalhado. Retornou um sorriso de malícia, agarrou o cara apertando forte o lado de sua costela e puxou-o para perto. Sentiu o coração do outro acelerado e a respiração ofegante, o corpo tremia em suas mãos, agora seguras. Atracou sua boca rígida naquela boca macia e enfiou a língua de raiva. Abriu seus olhos e viu um cinzeiro ao longe, o gosto da cinza apoderou-se do lugar e ele largou a boca, mirando um ar de desentendimento.  Deixou uma nota de cinquenta em cima do balcão e todos o olhando. Queria mesmo era que uma única pessoa o enxergasse naquele momento. Eu te odeio. A rua parecia correr abaixo de seus pés. Eu te odeio. Não sabia se estava gritando ou chorando, sentia um misto de tudo. Eu te odeio. Logo ele que estava tão imune. " - Odeio!", berrou do alto do viaduto deserto. Idiota. Era assim que se sentia. Eu me odeio. E repetindo algum nome que não queria, esqueceu-se. 

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