23 de agosto de 2010

Ainda bem.


É pra você. Esse texto só pode ser lido ao som da canção acima...

Ainda sinto seu cheiro. Ainda pego tua mão e quando me vejo, não. Mudo a TV pro seu canal preferido mas você não passa. Você deixou algumas roupas, peças íntimas, que de tão íntimas, não saem de mim. Ainda sinto seu beijo, mordendo um dos meus lábios e arrepiando minha nuca num frio que o teu calor me traz, me trouxe e continua a trazer. E trago. Trago no cigarro a lembrança das tuas fumaças escondidas, e me lembro. Ainda grito teu nome recente no meio da noite. Silencio quando não te vejo, me enjôo quando não sinto teu cheiro, tal ausência me embrulha. Ainda tenho teus presentes numa caixa, embrulhados num papel manteiga, que é pra ver se fica fosco. Ainda tenho dejavus intensos. Segunda-feira, prometi pra mim mesmo, vou parar. E ainda paro. Ainda paro no velho banco branco de madeira e descasco a tinta seca nos finais de tarde frios. Agora eu mesmo estalo meus dedos, mas ainda lembro. Num constante movimento mnemônico me dei conta de que ainda choro, mas ainda sorrio, ainda deito, mas continuo seguindo, ainda calo, no entanto posso falar, ainda teimo, e continuo a teimar. Ainda desisto, contudo existo e ainda existo. Ainda. Ainda bem.

2 comentários:

Abra sua mente. Despeje aqui o que sente. Faz bem.