1 de fevereiro de 2011

Desejo de ser sol.

Ele vinha na contramão pela rua. A noite curitibana outrora o assustara. Hoje não. Podia andar o quanto quisesse, ou enquanto a sua embriaguez lhe fosse combustível. A cada passo bêbado , cambaleava um soluço e jurava escutar canções depressivas ao som da sua própria voz. Via sua sombra que diminuía e passava para trás de si, depois voltava a ficar grande, repetidas vezes, por causa dos postes que iluminavam seu cambalear. Ele era desses garotos de se admirar, de beleza que encanta, dessas belezas que fazem com que as roupas pareçam meros acessórios. Seus olhos verdes-acinzentados estavam embaraçados por algo que parecia ser choro. Sentou em qualquer canto de qualquer lugar a espera do sol. Chorou amargamente abraçando os joelhos e percebeu que suas lágrimas haviam secado. Assim como as lágrimas, ele soubera que tudo acabaria. Seus vinte e poucos para trás davam-lhe a impressão de não ter vivido muito, ou quase nada. Quando o sol despontou, decidiu então que viveria os três meses que lhe faltavam, e sonhou em ser o sol, que vive eternamente, mesmo que a Terra acabe.


2 comentários:

  1. Foda! Nunca estamos preparados para a morte, não é mesmo? O jeito é, mesmo que a morte ainda esteja longe, viver cada dia como se fosse o último. A gente esquece disso, que não somos como o sol, que não ficamos por aqui eternamente, e vamos deixando tudo para amanhã. Amanhã é agora!

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  2. Ai Pedro, que lindo. Amo seus textos. Amei a ideia de poder ser sol. Vamos ser, juntos? Outra coisa, vamos sorrir comigo? Adoro! Passa no meu blog pra entender!!!

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