As horas passavam depressa. Não as horas, os segundos. Eu os sentia passando por mim sorrindo com ironia. Eu abraçava aquele corpo tão perto do meu. Fechava meus olhos na ânsia de parar o tempo, eternizar o momento. Em vão. Sentia o cheiro do cabelo agora mais curto, ainda tinha o mesmo cheiro. Eu não queria chorar, eu não podia. Involuntariamente senti a gota escorrer pelo rosto e escolher sua camiseta vermelha como lugar para pouso. Pensei que aquela lágrima na camiseta seria um jeito de ficar um pouco contigo mesmo indo embora, como ir à praia e recolher um pouco de areia para guardar como lembrança. Grande bobagem. A respiração ofegante que movimentava meu braço recostado naquele corpo me fez despertar. Olhei aquela sala. Por um momento pensei que tudo aquilo era pecado, mas o que meu coração sentia me absolveu. De repente começou a doer. De longe o vi vestindo suas calças, colocando a camiseta, me lembro de ter me perguntado se tinha ficado bom, não lembro se respondi. A porta se abriu, eu sabia que não voltaria ali por muito tempo, talvez nunca mais. Foi assim que entendi a dor que a felicidade pode causar.
Tocante. Adorei! :)
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