16 de novembro de 2010

Profundamente.


Tinha um grande problema: Era muito intenso. Tudo o que vivia, o fazia de forma profunda. Emoções, pensamentos, sentimentos. Os amigos pediam que ele vivesse com calma, mas como? Não sabia fingir que não estava pensando ou sentindo. Muitas vezes sofria com isso, nem todo mundo podia ao menos entender que alguém podia entregar-se tanto assim. Um dia parou de sofrer, decidiu não ligar para o que os outros diriam. Quem quisesse se envolver com ele teria que entrar no jogo. Abraçar como num corpo só, beijar como quem sente por inteiro a outra pessoa, olhar com lágrimas nos olhos e amar até a morte. No que as pessoas viam apenas algo comum ele conseguia enxergar os detalhes mais impressionantes. Parecia ter todos os sentidos agindo concomitantemente. Sentia o gosto dos sons, e podia jurar que sabia a cor exata de um cheiro bem docinho. Mergulhava no mundo e permitia que o mundo mergulhasse nele numa troca intensa de experiências. Quando percebeu que era realmente feliz, ninguém mais o infernizou, todos deixaram que ele seguisse intensamente vivendo, profundamente amando, e exageradamente sentindo. Morreu mergulhado num mundo de emoções, na certidão de óbito constava: Morte por Prazer.

2 comentários:

  1. Lindo. Nem sei o que dizer. Tão meu, isso. Amei. Mesmo. Especialmente o "Sentia o gosto dos sons, e podia jurar que sabia a cor exata de um cheiro bem docinho". Perfeito.

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  2. Eu também, adorei essa parte. "Sentia o gosto dos sons, e podia jurar que sabia a cor exata de um cheiro bem docinho".
    O que eu mais admiro em você é essa coisa de acreditar cegamente, de não ter dúvidas a respeito dos sentimentos alheios e nem em relação aos seus.Um dia, vou ser assim. Sem dúvidas.

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