19 de dezembro de 2009

Nas entrelinhas do sem pauta


Tão bom estar bem. Quando a vida nada lhe entrega mas tudo vem. Sem pauta. Sem metas e nem querer. Nada como enxergar, depois de tanta luz. Os implícitos do cotidiano abusam da falta de perspectiva. Explodam. Quero o novo. O belo. O meu. E tenho, como tenho. Antes, tanto peso nas linhas que não foram escritas, e quando não há mais peso a história se escreve. Ela se auto-escreve. Sem (tanto) esforço. Considerem a rotina, ela traz o esforço. Mas foi dela que nasceu o meu. Nenhum pensador famoso o disse. Mas eu ouvi falar, é bom, isso ninguém pode te tirar. A maior luta que se pode travar. Contra o seu eu. O resultado feliz é que você sempre ganha. A parte que perde fica pra trás. Não é mais eu. Doravante a beleza da rotina. É sofrida, é sofrida mas é minha. Tudo o que é meu não passa de egoísmo. Não quero e não vou ser mais tão não-meu. É complicado se doar. Doar quem se não me tenho? É bom se ter para ter o que doar. Mas sem pressão. Na única batida descompassada de dois corações. Segue-se o rumo que o rumo mesmo faz. Sem pré-destinação. Destine-se. Construa-se sem pauta. Sem peso. Sem mundo. Sem opiniões. Seu. Sem d'outros. Mesquinharia buscar-se em outrem. Doe-se menos. Quem sabe assim você se constrói. Adeus paradigmas. Eu quero, eu vou, viver.

19 de agosto de 2009

Santa Pandemia

Diante do homem sua maior frustração: a fragilidade. Quem pode superá-lo? Há beleza na superioridade. Pobres os amantes da defesa inferior. A natureza cuida, despreocupemo-nos. O único momento onde não há supremacia humana: um espelho. As suspensões não podem impedir de encará-lo. Só reforçam a ideia. Ele existe. E é maior. Mesmo as teorias curvam-se diante de um espelho. É que ele é real. Vemos ateus fiéis ao Bom Deus. Este ser nascido da necessidade de dar sentido à morte ressucita na conveniência. Orixás, patuás, macumbas, salve-se quem puder! E quem pode? Será que são escolhidos os que morrerão na pandemia X? Misticismo demais para um fiel ateu. Escrúpulos de lado, brinquemos de Deuses. Se pudessemos escolher o alvo. Mas é justamente esta ilusão que nos mostra a realidade. Não podemos. Enfim, igualdade. O entendimento deste fato geraria a conclusão. Então, conclua e fim.

9 de maio de 2009

Dualismo destonante.


Não que sejamos volúveis. Eu diria versáteis. Isso mesmo, versatilidade que incomoda. O mundo acaba pensando diferente. O meu mundo já é seu pois você o quis. Tomo para mim o que é seu no direito da troca insana de te dar o luxo de falar sobre mim. Interessa o que há, não o que se pensa que há. O que faz os demais criticarem-nos? O desejo de escolher por mim? Decidi, tá decidido, ou não. Altercentrismo. Egoaltercentrismo. Em jogo egoísmo. Até que ponto ele existe se o que quero é liberdade? Expressão sem mácula de acusação de outrem. A função sociológica das escolhas. Somos parte de um universo pequeno. Tudo está pronto. Pronto. Escolha a vontade, dentro dos limites. Um dualismo que destoa. As escolhas e os limites. Chequem liberdade. Em cheque liberdade. O limite da liberdade é a necessidade. Posso ir até onde consigo, depois disso, limito-me a escolher no que posso. Quero paz, preciso de um emprego. Quero viver, preciso de rotina. Quero ser história, preciso ser só mais um. E mais um. Um. Cada vez mais me sinto menos dono de mim. Não posso optar por minhas escolhas. Quando escolho sou vítima da necessidade. Encruzilhada da liberdade. O que diriam? O senhor precisa de um psicólogo. Uma pessoa capacitada para julgar o que a sociedade considera insanidade. Insano mesmo seria não viver. Justos conosco mesmos, sejamos insanos. Um mundo de liberdade sem limites é a insanidade. Desejado por muitos desde sempre. Única regra a sua felicidade. Fica na porta a insanidade, não se pisa nesse chão com ela. Manicômio da vontade. Já gastou sua cota de liberdade hoje? Pense bem, até que ponto vale a pena manter a aparência. Sua essência grita. E como grita.

Surpresa da malevolência.


A preocupação prende o que se pretende. Surpresas só existem pois não as esperamos. Balela, olha o que isso nos faz. Acaba com o ser humano e o joga na podre beleza da ilusão. Deixemo-nos sentir, afinal é fruto nosso. Talvez seja bom. Não se pensa em nada mais além do além. Poço confortável. Milhões morrem mas porque esqueceram-se. Que nos perdoe a mãe Ciência, mas atire a primeira teoria quem se não desfez por ele. Inescrupuloso e sem razão. Marx dá sua Vida por Deus, culpa dele. Insano. É a insanidade mais bem pensada e articulada em seus mínimos equívocos. Máximos. Nem é tão bonito, perigoso é. Se ao menos perguntasse o nome, a idade, a preferência. Almodóvar perdoe essa má educação. Nos graus da lente o deleite. O senhor percebeu? Não, chegou quando menos esperava. Se ele ao menos ousasse a virar voz. Inaudível grito ensurdecedor. Chantagem inoportuna. O senhor do despeito. Tem jeito de salvação. Fisionomia daquela sua, agradabilíssima. Cego não, não se faça. Vê bem. Armadura ocular oportunista. Ai de mim contrariar. Ele é mais. Existe ainda muito para se aprender desse nada. É que pouco se quer entender do muito. Muito mais que eu. É maior que eu. Supremacia. Hiperbólico conceito da mais pura humildade. Quer saber? Ninguém o definirá. Já viveu hoje? Então, o que está esperando? Permissão concedida. Ele, eu deixo. Obrigado.

6 de maio de 2009

A beleza de poder ser o que é.

Deu trabalho. Mas eis um ser: Você. Tem gente que suicida porque ninguém dá atenção a ele. Tem gente que o faz porque todos prestam atenção nele. A grande vaidade dos outros é poder buscar um jeito de te tornar um suicida. Processo lento e prazeroso. Carícia da carência. Prazer do ex-alheio. Menos um na minha audaciosa falta de coragem. Imagina, não sejamos tão maus assim. Acorda. A morte é um fato vivido. Quanto mais se vive, mais se morre. Ainda há beleza então? Pior que há. O amor não é fruição. É verdade. Daquela que salva mesmo. Mas se é temporário então não salva. Ledo engano. Sobrevive quem busca essa coisa. Não é mesmo Darwin? Balela sentimentalista. Metaforicamente sim. Sua definição real, essa não. Até que enfim em mim. Escute aqui. Se começar a sentir algum prazer, suicide. A vaidade do amor não é sua. Na realidade seja você. Na falta dela construa um ser suportável. Ninguém aguenta quem não se suporta. Mas hoje eu quero um olhar diferente, um espelho novo. No qual me vejo e não me aceito. Apenas me contemplo. Sinto um arrepio que me faz bem, e sinto de novo. Sou inteiro em minhas partes. Suicido os outros. Orgulho? Que seja, pois nunca pude me sentir tão inútil. O peso que cada um traz e se convence diariamente dá a sensação de liberdade. Tirando as amarras, seja. Mas não se esqueça de si. É bom sobreviver. Te me amo e ponto inicial. Obrigado.

5 de maio de 2009

A Preocupação, a sua preocupação.

A prevenção é o maior remédio para quem não busca o inesperado. Lógico demais. Quem não busca o inesperado busca o esperado. E por quem? E por que? Ilógico demais. Individualidade é um conceito, abstrato e insano. Os próprios conceitos e adjetivos que conceituamos e adjetivamos são prevenções. Sempre meu. Sim, a vida é só uma e não pode ser desperdiçada. Pronome possessivo: Eu. Adjetivo: Meu. A questão da sobrevivência é mais importante que a da convivência. Se houver conveniência, não há preocupação. Os valores são meus. Não se assuste, é segredo, nada é seu. Isso mesmo, nada é seu. Isso te fere? Você: Construção de ideias já pensadas e batidas. Preocuparam-se de você. Em construí-lo. Minha opinião. Acredito, sua. A preocupação, a sua. Quem algum dia não pensou no que pensa um "louco"? Será que pensam? Estariam em um grau de entendimento tão diferente? Estão. Mas é caminho sem volta descobrí-lo, me contaram. Não se faça de bobo porque todos sabem. Sempre superabundam-se de saber. Ocupe-se de ser. Não, não é fácil. Utopia não é ilusão, murmuram os loucos. Sobe o braço da opinião. Acabou a sua verdade. Ocupe-se mais dela anteriormente, precavendo-se disso. Vergonha, seria neologismo? Um signo arbitrário. Circunscrito na face do seu mundo. Esse, da eterna preocupação. Agora, vamos. Pare de preocupar-se comigo e consigo. Cansei e você também. Cada um segue aquilo que achar anormal. Essa seria a maneira mais fácil de desprender-se. Rumo, liberdade. A sua. A de você, como no grego. Obrigado.

De hoje em diante, sem decisões.


Então, tá decidido. Não há mais decisões. Decidir por não decidir me torna livre. Sempre que decido algo, a inconstante opinião alheia quer decidir por mim. Que se danem. Mas que não me enganem. Existe ainda os poucos que me gostam e me querem assim. Imutável. Metamorfósico. Indistintamente único. É bom mudar e continuar o mesmo. É isso que muitos fazem. Mudam aqui, já mudam ali, e não são volúveis. Mudar sempre não significa ser volúvel mas ser sincero. Agora eu desafio quem se diga totalmente constante. Há sim uma parte imutável. Dessas que só se conhece mesmo quando nenhuma situação obriga o metamorfismo forçado. O social. E viva Nietzsche. Mas só aqui. Porque ali já vive Jesus Cristo. O respeito. Um acidente, desses da filosofia. Só existe em outrem. Mas sempre se esquecem que este outrem também é você. Sim, aqui dilui-se Nietzsche na água morna da auto-ajuda. Piedade e compaixão por mim e para mim. O ego. O amor. Para quem? O ego. O para-ego-amor. O respeito? Sim, mas só para-ego-amor. Pessimismo? Não. Frustração? Não sei o nome. Sei que nada que camufla pode durar mais do que o que grita de verdade. Ah, a verdade. Essa é a única, a única que pode salvar. A mim? Não. Pode salvar o fato de se achar que tudo pode salvar a mim, e só a mim. Logo é só a verdade que me aproxima do outro sem haver o eu. E este é o motivo da despedida das decisões. Encontrei o outro sem o eu. Ou melhor, o caminho para este. E creia, se quiser é claro. Há uma imutabilidade que ainda me move. Sem sentimentalismo. E, sem querer te provar nada, eis a minha vida. Só ela. Sem decisões. De hoje em diante. Só ela sem o eu. Obrigado.