1 de setembro de 2010

Da Voz da Chuva

Do lado de fora, chovia, uma chuva suja e pesada. Ele exigia muito de si. Todo mundo comentava. Mas ele não achava demais cobrar de si uma vida boa. Talvez se deixasse de lado as preocupações as coisas simplesmente acontecessem. Mas a falta de previsibilidade o mataria. Ele não suportaria. Por outro lado os outros também o cobravam. Tudo bem, não fosse o fato de cobrarem dele tudo o que ele não queria. Que se danem os outros, os planos, os fracassos, os anos,  tempo, decepções. Teve vontade de chorar e jogar tudo pelos ares mas ao mesmo tempo sentia no peito uma vontade de colocar as coisas nos eixos. Alguém lhe ensinara a tentar dormir aquela noite. Respirou fundo, foi relaxando cada músculo, começando no dedinho do pé. Relaxara tudo, seu cérebro funcionava, a mil. Sem muito o que fazer decidira chorar. Seus olhos decidiram por ele. Chorou, deixou a lágrima lavar cada pensamento, cada pressão infundada, as decepções passadas, as decepções à vista, lavou sua auto-cobrança e também todo e qualquer resquício de mágoa. Ficou sozinho, ele, suas lágrimas  e a chuva, que agora caía límpida e calma tentando dizer em cada pingo que caía lentamente: Plin... Ploft... Pron... to... Pass.. sou.. Plin... Ploft... Pron...to... Pass.. sou...

Um comentário:

  1. Lavar a alma faz bem. Tentar o equilíbrio faz parte de nós, de nossa luta diária.Quando nos damos conta, de tanto nos pouparmos, de tanto nos superarmos, choramos. Normal. Vai passar, como a chuva disse.

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