29 de março de 2011

Gostosinho.

Fazia tempo que não conversava com ele na internet. Digitei um oi, ele, sempre atento, logo respondeu. Até aqui tudo igual. As mesmas conversas, as mesmas ideias. Não que significasse monotonia, pelo contrário, era sempre uma delícia conversar com ele. Nos conhecíamos há muito tempo, somente pelas telas frias dos computadores, mas de alguma forma o coração sempre aqueceu algo entre nós. Decidi pedir que abrissemos nossas câmeras. Não sei ao certo. Ele estava lá, como eu sempre conhecia, pouca diferença. Mas o que mudara? Quando me dei conta era o meu coração que tinha mudado. Passou a esquentar de um jeito estranho que peguei medo e desconfiei. Dizem que quando acontece algo pelas bandas do coração a visão fica diferente. Eu o enxergava diferente. Era ele, eu sabia, mas não era mais aquele menininho que outrora conhecera. Tentei trocar de páginas, entrei em outras, parei de vê-lo por uns instantes. Levantei, busquei água, respirei. Tornei a vê-lo. Sim, algo estava diferente. Em mim. Nele. Sim. Talvez fosse isso. Eu gaguejei um 'nós' em pensamento. Segurei. Fui prestando atenção nas coisas que me dizia como quem olha com zoom para a vida de alguém. As surpresas foram tomando dimensões que extrapolavam a tela entravam pelos olhos e tomavam conta dos dedos, do sorriso, do pensar. Quando não mais pude me conter, despejei. Sem freio me esgotei da verdade que me possuia freneticamente. Olhei seu rostinho me olhando surpreso, de quem quer rir mas se segura. Não me recordo muito bem das respostas que me deu. Talvez não queira recordar. Sei que agora sinto um tic tac diferente. Esperando o tempo passar, nessas batidas que agora meu peito teima em atrasar. 

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