22 de maio de 2011

Poesia.

Até onde conseguia enxergar, era cidade. Tinha certeza de que era urbano, gostava de cinza, concreto e de história. Com os olhos passeou pelas ruas iluminadas e enxergou o que lembrava, sorriu levemente abençoando a cidade noturna. Olhou para trás e o viu deitado na cama, pernas entrelaçadas aos lençóis brancos e frescos num amontoado que sugeria o resultado de uma noite intensa de amor e luxúria. Voltou a olhar para a cidade e pensou nos lugares que o destino já lhe apresentara, achou engraçado. Mirou o copo com resto de uísque e o cinzeiro de vidro e tentou visualizar os lugares que ainda conheceria. Ouviu alguém se mexer, era só o homem na cama, mudando de lado. Sentiu um calafrio tocar sua pele limpa, não acreditou ser o frio da madrugada, parecia ser poesia. Sim, poesia urbana, ele enxergava poesia em cada tijolo empilhado, cada vão de concreto, cada nuance de cinza que tingia a cidade. Jurou ter visto um casal dançando na fumaça que saía de um prédio velho. A sinfonia que os carros faziam numa sincronia desconexa anunciava a aurora, novo dia, ele suspirou. Sentiu duas mãos masculinas apertarem-lhe a cintura e um bom-dia sussurrado lhe arrepiar as costas. Foi para a cama, viver a poesia lhe fazia bem.

Um comentário:

  1. Eu vejo poesia na cidade também. Gosto bastante do urbano, talvez porque nunca tenha sido de ir a sítios e afins...Um bom dia melhor que esse, só outro desse!

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