3 de maio de 2011

Passando. Passado.

Te encontrei andando pela rua. Nesse frio que deus nos dá, encapotado de blusas e com as bochechas vermelhas. Eu tenho certeza que você me viu, mas você fingiu que não. Meus olhos se encheram d'água, eu quis frear. Fotografei lentamente você fingindo que eu não fazia parte do seu mundo. Dois pólos que agora se expeliam, mas que outrora magneticamente se juntavam. Enxerguei a fumaça que sua respiração fez quando o ar encontrou o gelo desse clima, e lembrei de quando o teu hálito tocava meu rosto tão de perto e seus olhos me miravam por séculos em um só minuto. Você derrubou um objeto no chão e teve que recuar para pegá-lo, eu notei. Você não gosta de recuar, nunca, mas as vezes é preciso fazê-lo. Não conhecia aquele objeto, e era estranho já que julgava conhecer tudo relacionado a você, talvez tenha me enganado, ou você a mim. Será que você queria mostrar isso recuando? Até cheguei a achar que só queria pegar algo que caiu no chão, mas não. Não, você me olhou. Você não direcionou os olhos aos meus, nem sequer tirou o olhar do objeto, mas eu sei que me olhou, estou certo. Titubear não faz seu tipo, e você o fez. Me doeu, como nunca antes. Olhei você dobrar a esquina e ignorar tudo o que eu passei, tudo o que você passou, e o frio me tomou de novo e me agasalhou. 

3 comentários:

Abra sua mente. Despeje aqui o que sente. Faz bem.